Por Marcelo Pereira
Parece que finalmente foi aprovada a reforma trabalhista. Quer dizer, o que a direita chama de reforma trabalhista. Pois reforma dá ideia de trocar uma coisa por outra melhor. Não será isto que vai acontecer. O que começa a partir de agora é a chamada precarização do trabalho, onde a voz do patrão será a única a ter valor e a chantagem o principal meio de negociação.
Parece que finalmente foi aprovada a reforma trabalhista. Quer dizer, o que a direita chama de reforma trabalhista. Pois reforma dá ideia de trocar uma coisa por outra melhor. Não será isto que vai acontecer. O que começa a partir de agora é a chamada precarização do trabalho, onde a voz do patrão será a única a ter valor e a chantagem o principal meio de negociação.
Aprendi em Administração que é uma tradição do empresariado brasileiro, sobretudo o de grande porte, ser autoritário, impaciente e avesso a diálogo. Isso será reforçado pelas novas leis trabalhistas. Esta tradição existe porque grande parte do empresariado brasileiro é descendente dos velhos senhores de engenho do tempo colonial. Obter vantagens as custas de sofrimento alheio é algo passado de pai para filho, o que justifica o pensamento escravocrata dos empresários atuais.
Não se engane com a postura pseudo-moderna do empresariado brasileiro. A mentalidade dos donos do meio de produção de nosso país é a mais retrógrada possível. Não há gírias e roupas moderninhas que consigam eliminar ideias mofadas de suas mentes. O que eles chamam de "modernização" é na verdade a devolução a uma situação antes da CLT. Ou talvez pior ainda.
Que a CLT precisa de atualização, isso é uma unanimidade. Mas para atualizar a CLT é preciso colocar algo melhor, que faça as relações de trabalho progredirem. O que as elites querem é justamente o oposto: a precarização do trabalho, que gradativamente irá se transformar em uma escravidão, onde trabalhadores realização tarefas praticamente sem ganhar nada, no máximo o que é conhecido como "ajuda de custo", só para garantir que o trabalhador esteja de pé, em condições de realizar as tarefas que os empregadores querem que seja feita.
A grande mídia corporativa, interessada nesta precarização, insiste com mentiras sobre as mudanças, escondendo da população os danos que poderá causar. Tenta se aproveitar da ignorância do brasileiro médio e enrola, com explicações prolixas e rebuscadas, tentando convencer que a reforma será para "melhor".
Interesse pela reforma trabalhista foi um dos motivos do golpe
O golpe foi encomendado por gigantescos empresários que querem transformar o Brasil em território de exploração, para extrair as riquezas naturais que só existem aqui. É uma versão atualizada das invasões bárbaras da Idade Antiga e dos ataques de piratas de tempos posteriores. É a colocação do trabalhador em condições semelhantes a da escravidão. Era preciso acabar com os direitos dos trabalhadores para baratear a mão de obra, pois as grades corporações estrangeiras pretendem usar mão de obra do local a ser explorado, para diminuir custos e aumentar lucros.
Para isso, era preciso tomar certas medidas: criminalizar sindicatos e movimentos sociais, estimular a ignorância e a submissão através de educação doutrinadora e cultura imbecilizante, "canonizar" empresários e lideranças capitalistas, e mentir, mentir muito para que as imposições sejam vistas como "mal necessário a recuperar a economia para que seja boa para todos". Uma mentira que os economistas mais sérios conhecem e confirmam como falácia.
Empresários perderão com "modernização" das leis trabalhistas
Os empresários que apoiam a medida demonstram também a sua ignorância, já que a verdadeira modernização do trabalho deve priorizar o lado social - não de forma paliativa como estão sendo feitas as ações sociais de empresas atualmente, acompanhada de irresponsável doutrinação ideológica - aumentando salários e condições de trabalho e propondo carga horária de trabalho que não ultrapasse o necessário para o cumprimento de uma meta.
Para os empresários brasileiros, quanto mais exploradores e autoritários forem, melhor. Isso é de uma perfeita ignorância, pois a médio longo prazo o tiro pode sair pela culatra. Trabalhadores mal pagos e em más condições produzem mal. Ganhando pouco ou nada, deixam de ser consumidores, ou no jargão administrativo, clientes. Sem clientes, empresas ficam sem renda, sem renda, vão a falência. Para impedir a falência, recorrem ao rentismo (bolsa de valores) e a auxílio do governo normalmente criticado pelos empresários, que acham que governos devem interferir cada vez menos na economia.
Ou seja, os próprios empresários podem estar se enfiando numa enrascada que pode prejudicar a eles mesmos, estragando a economia como um todo por causa da ganância infantil e do desejo vil de poder irrestrito. Mal sabem eles que a proposta de modernização das relações de trabalho é algo para ser discutido amplamente com toda a sociedade, pois os trabalhadores tem importantes opiniões a respeito que podem gerar melhorias para todos, inclusive para o empresariado.
As medidas a serem aprovadas levaram a sérias crises financeiras nos locais onde foram implantadas. Administradores e economistas sérios sabem que a reforma, nos pontos que foram propostos, é um gravíssimo erro que pode literalmente destruir a economia brasileira. Temos que fazer de tudo para que esta reforma não seja aprovada. Caso seja aprovada, quem for ser humano, com a mais absoluta das certezas, será prejudicado pela precarização do trabalho.
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