Pular para o conteúdo principal

Precisamos falar sobre a ganância

Por Marcelo Pereira

A ganância é um dos maiores problemas da humanidade. Se achar melhor do que os outros e por isso querer ter mais que a maioria da população tem feito grandes estragos por toda a história mundial. Ninguém fala, mas a ganância é a base de qualquer tipo de guerra. É a base ideológica da lei do mais forte, o estranho "direito" do grande pisar no pequeno.

Teóricos de Administração e Economia não gostam de falar em ganância por acharem um conceito subjetivo, ligado á moralidade. Mas é preciso não fecharmos os olhos diante da ganância, pois a economia precisa estar em movimento para existir e a ganância retém renda e bens nas contas de magnatas tirando de circulação do cotidiano econômico da sociedade.

A reforma trabalhista aprovada recentemente na CCJ é na verdade a transformação da ganância em lei. A exploração do mais fraco, antes proibida pela CLT, agora foi totalmente liberada para o empresariado. Mente quem diz que a reforma trabalhista não vai tirar direitos. Mas quem conhece o empresariado brasileiro, representado pelos políticos de linha conservadora, sabe que é justamente para tirar direitos que a reforma foi proposta e está sendo aprovada.

O empresariado brasileiro é tradicionalmente ganancioso por educação. Cresceu acreditando que como empresário, teria "mais direitos" (privilégios) que os demais. No topo do poder, sem alguém superior para lhes controlar, ignora os limites do respeito humanitário e comete seus abusos, transformando seus subalternos em gado a realizar o trabalho que não quer fazer, mas gerar a grana que deve estar apenas em sua mão. Ou seja, o empresário lucra através do esforço alheio.

As leis trabalhistas que estão sendo derrubadas e substituídas por outras análogas ao que havia antes da CLT tentavam a muito custo dar ao trabalhador o direito de receber pelo trabalho realizado. Por mais que o empresário alegue que o trabalho de gestor seja difícil, não é tão exaustivo e arriscado quanto o trabalho braçal. 

A responsabilidade de controlar o funcionamento de uma corporação ou empresa é uma missão e não um privilégio. Isso não justifica a ganância e o sádico desejo de exploração alheia. Seria muito bom que, mesmo que o trabalhador ganhasse menos que o empresário, a distância de valor econômico do ganho entre eles fosse bem menor. Até porque o trabalho tem um valor e ele deve ser justo e adequado, garantindo uma vida relativamente confortável ao trabalhador.

Basta uma reflexão detalhada e atenta para que percebamos que a ganância de uns poucos é nociva a todos, inclusive para os próprios gananciosos, alvos de cobiça alheia que se obrigam a viver isolados do resto da humanidade na ânsia tola de agarrar seus privilégios como uma criança qe agarra seu brinquedo favorito. Ao longo prazo os gananciosos perceberão também que renda estagnada leva a falência da economia, sendo a verdadeira raiz de toda e qualquer crise. 

Se a ganância é a raiz das crises, podemos estar diante de uma solução relativamente fácil para acabar com elas: eliminar a ganância e fazer a economia circular. E nada melhor do que fazer a economia se movimentar com a melhoria na distribuição de renda. com o tempo o lucro sempre aparece para quem o deseja. um lucro justo e não ganancioso. Um lucro que gera benefícios a todos e não o abusivo que só serve para pagar o supérfluo luxo dos mais ricos, as custas do sofrimento alheio. Pensem nisso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os desafios de uma Administração progressista e humanitária

Por Marcelo Pereira Hoje, a Administração necessita urgentemente de uma novíssima fase. Mesmo com as mudanças feitas, a teoria e a prática da Administração ainda tem velhos estereótipos em sua base. Essencialmente mudou muito pouco. A Administração ainda está muito vinculada ao Capitalismo e ao ganancioso desejo pelo lucro.  Os novos teóricos que se manifestam falam em humanismo, que pessoas são o principal ativo das empresas e bla-bla-bla, mas se vê que na prática a coisa é bem diferente. As faculdades de Administração, ao invés de serem polos de formação de gestores, acabam sendo uma fábrica de a aspirantes a magnatas egoístas, gananciosos e preconceituosos. Confundem arrivismo com ambição. É preciso parar com esta mentalidade infelizmente arraigada à ideia de Administração. O Capitalismo está velho e acabado. Tenta melhorar a sua aparência, modernizar a sua capacidade de sedução, mas não consegue enxergar que a realidade atual exige pessoas realmente altruístas (sem a h

Crise escancara fracasso do Neoliberalismo, forma parasitária do Capitalismo

Por Marcelo Pereira O Brasil está vivendo um triste momento histórico nos últimos dias, que certamente iniciará algum tipo de ruptura, ainda não se sabe de que lado for. Pois o caos instalado pode criar uma ruptura que favoreça a população ou uma ruptura que preserve os interesses dos capitalistas que parasitam toda a economia para que tudo aconteça a favorecer a sua faminta ganância. Economistas sérios - não confunda com banqueiros disfarçados de economistas ou com economistas pagos pela grande mídia a discutir o sexo dos anjos - garantem que o Neoliberalismo está com os dias contados. O contexto do século XXI não comporta uma ideologia baseada na ganância e no lucro imediato. O Neoliberalismo deve ser extinto para que a economia encontre seu rumo e possa beneficiar o maior número de pessoas e não uma meia dúzia de magnatas. A crise de 2008 foi bem sintomática e serve como uma prova real de que o Neoliberalismo é um sistema não apenas obsoleto como nocivo a humanidade. É

Reforma Trabalhista, Crise de 2008 e Pejotização

Por Marcelo Pereira A Reforma Trabalhista aprovada no governo golpista de Michel Temer, para quem leu todos os pontos detalhadamente e conhece como funciona as mentes dos maiores empresários do país, sabe que a mesma eliminará a dignidade do mercado de trabalho brasileiro a partir de agora.  Na melhor das hipóteses, entraremos numa espécie de sistema de bicos, onde o emprego de carreira se torna um privilégio de poucos enquanto a maioria terá que se virar com formas precárias de empregos instáveis, sem o direito de administrar os gastos com salários, já que estes se tornam uma incerteza sem garantias, podendo ser cancelados sem aviso tendo a alegada crise como justificativa. Temer foi um instrumento utilizado pelo "Deus-mercado" para realizar um golpe que servisse para preservar a ganância dos empresários, preocupados com os danos causados com a crise mundial de 2008. Em 1929, uma crise semelhante fez surgir o Nazismo na Alemanha, com medidas danosas aos cidadãos