Por Marcelo Pereira
Há um mito, defendido pelos conservadores de que as nossas elites são responsáveis, altruístas e altamente interessadas no desenvolvimento do Brasil. É um mito falso, já que nada disso é observado na prática. Se lembrarmos do conservadorismo de nossas elites e do fato de que muitas ideias são passadas de pai para filho, nos lembraremos de que nossas elites não são só conservadoras como bastante retrógradas e pasmem: ignorantes.
Há um mito, defendido pelos conservadores de que as nossas elites são responsáveis, altruístas e altamente interessadas no desenvolvimento do Brasil. É um mito falso, já que nada disso é observado na prática. Se lembrarmos do conservadorismo de nossas elites e do fato de que muitas ideias são passadas de pai para filho, nos lembraremos de que nossas elites não são só conservadoras como bastante retrógradas e pasmem: ignorantes.
Na verdade, as elites brasileiras são majoritariamente descendentes dos velhos senhores de engenho. Segundo intelectuais como Jessé de Souza, que lança agora seu novo livro, A Elite do Atraso, da Escravidão à Lava Jato, as nossas elites nunca deixaram de ser escravocratas. É um sonho dos homens mais ricos, sejam brasileiros ou estrangeiros instalados no país, de ter empregados trabalhando de graça, sem a troca de serviço por qualquer tipo de benefício.
Claro que este desejo de escravizar as classes dominadas é manifestado de forma bem sutil, para evitar o tachamento de uma imagem de vilania para as classes opressoras, que precisam do apoio popular para suas atitudes para não perder benefícios. Oficialmente, a escravidão é crime. pelo menos por enquanto, pois com o tempo, após a vigência da Reforma Trabalhista, em novembro próximo, a escravidão se tornará algo plausível, corriqueiro e consagrado.
É infantil achar que a Reforma Trabalhista surgiu para favorecer os trabalhadores. Ela é a manifestação mais clara possível da mentalidade escravocrata de nossas elites. A meta é, aos poucos - para não dar sinais explícitos de crueldade - reduzir salario e benefícios para que no futuro se chegue ao zero, transformando o trabalhador em um mero equipamento adquirido a um custo cada vez mais baixo, quase gratuito, apenas para realizar o trabalho pesado que as elites se recusam a fazer.
Há no Brasil uma não muito observada luta de classes. Boa parte dos preconceitos existentes tem muito a ver com isso e o objetivo das elites é puramente liberal: reservar todos os direitos plenos às próprias elites, transformando as outras classes em meras servidoras dessas elites.
Tudo, mas tudo mesmo, que está sendo feito no Brasil tem muito a ver com esta ideia de plenitude de direitos apenas às grandes elites. E isso tem muito a ver com o pensamento escravocrata passado de pai para filho.
Quando você ver um grande empresário de cabelos em pé, tatuado, falando gíria e surfando nas férias, não se iluda: é a versão high-tech do arcaico e mofado Senhor de Engenho. É o CEO de Engenho, moderno na aparência mas podre e carcomido em ideias. Um ser que nunca aceitou o fim do Brasil colonial e se empenha para que este tempo nebuloso esteja de volta.
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